Emília Freitas publicou o romance A rainha do Ignoto em 1899, encerrando o século XIX com uma forma estética nova: a literatura fantástica.
É das mãos de uma mulher, nordestina, feminista, abolicionista, republicana e atuante no cenário político em que viveu, que a ficção especulativa nasce na literatura brasileira, embora a autora tenha sido totalmente apagada e sua obra esquecida.
Em A rainha do Ignoto, os elementos que na escrita apontam para o insólito, o mágico e o surreal estão em diálogo com as marcas da realidade que a narrativa objetivamente critica: a escravidão, os desmandos do patriarcado e a opressão às mulheres, a imposição religiosa. A escrita imaginativa de Emília Freitas é um convite tanto para transgredir quanto para transformar o real e o texto navega, como ela dizia, "entre o impossível e o impossibilitado".