No ensaísmo devaneante de Braulio, uma simples menção a personagens de um tipo específico pode desencadear uma saborosíssima jornada por listas mnemônicas impressionantes em que o autor passeia enciclopedicamente por samurais, cavaleiros, pistoleiros, jagunços, menestréis, repentistas e alienígenas.
Chega a ser assustadora a capacidade que ele tem de concatenar fragmentos de informação e relacionar obras das mais díspares entre si em um contínuo coerente, mas tão heterogêneo a ponto de o leitor pasmado chegar ao final e não saber dizer "sobre o que" versou o ensaio.
Sobre o quê? Sobre tudo. Isso porque a não ficção de Braulio Tavares está a serviço da mesma sede de conhecimento de sua ficção, que abarca tudo e tenta dar conta do universo de modo tão absoluto que parece impossível que ele use apenas 27 letras e um único alfabeto.
André Cáceres, Uma Mente Brincante.