O processo de humanização do esporte me parece, hoje, um caminho sem volta. Atletas estão manifestando publicamente suas dores emocionais após anos de vivência no alto rendimento, e a dinastia do esporte empresa, iniciada nos anos 90, impôs um formato bastante frio e engessado nas relações humanas esportivas. Com isso, aspectos extremamente relevantes em termos de saúde mental ficaram distantes das realidades institucionais e foram substituídos pela busca incessante por títulos, patrocínios e contratos milionários.
As queixas clínicas recorrentes em atletas de alto rendimento, frequentemente, estão associadas às dificuldades no manejo de situações competitivas que envolvem proatividade e autonomia. Atletas, geralmente, manifestam aumento da ansiedade, redução da concentração, eventos psicossomáticos antes das competições e outras respostas reativas aos momentos agudos nas práticas esportivas de alto rendimento.
No entanto, boa parte dos sintomas comportamentais no esporte estão relacionados às dificuldades de vivências infantis atreladas à formação esportiva. Entre as principais está a experiência precoce do alto rendimento e a alta expectativa de pais e/ou professores, trazendo como consequência a dificuldade no enfrentamento de situações que envolvem padrões de comparação e julgamento.
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