Não somos seres apartados da natureza e toda suposta imaterialidade que nos habita está submetida às regras universais, pois se existem dentro de nós que somos matéria e energia, necessariamente possui a mesma constituição.
Como a água que evapora, mas não se extingue, sonhos, pensamentos e sentimentos sobrevivem às transformações. Podem ralear até a invisibilidade, mas matéria e energia sempre se conservam.
Quando volatilizam em nosso corpo, elevam-se ao ponto mais alto e acumulam-se numa grande nuvem cinzenta até que se condensem. Então, descargas elétricas anunciam uma tempestade sináptica e a torrente de signos embaralhados despenca do cocuruto.
O poeta é o indivíduo que captura tais símbolos, organiza e transforma em poesia.
É assim que imagino o nascimento de um poema.
Chuva é o conteúdo deste livro.